#001, O Nascimento de Fantasia

Eolin, 23 de Dezembro de 2004

Fechada no Castelo Flutuante, passo os meus dias a estudar sob a tutoria dos mais consagrados professores de Fantasia. Li sobre tudo o que há para saber deste mundo, desde o princípio das eras.
Ninguém sabe bem a altura em que Fantasia foi criada, mas sabemos que é a materialização de todos os sonhos humanos. Assim, pudemos concluir que este mundo misterioso existe desde que os sonhos existem. Seria de esperar que tudo o que esteve alguma vez presente num sonho terrestre pudesse ser encontrado aqui, mas não é assim que funciona. É dito que todos os sonhos são moldados e equilibrados por uma força desconhecida de modo a criar a harmonia perfeita entre a Natureza e a Cultura. Ou pelo menos era assim que deveria ser. Nascida com Fantasia, o Oráculo de Fantasia, um ser misterioso que se mostra sob a forma de uma mulher angelical, está encarregue do equilíbrio dos fragmentos de sonho. Pouca vezes esta harmonia foi perturbada, conhecem-se apenas três casos. Comecemos pelo primeiro...

Há 2000 anos atrás, quatro milenários, feiticeiros poderosíssimos, aparecem misteriosamente nas páginas da história da Fantasia antiga, vindos ninguém sabe de onde, visto que por essa altura os terrestres mal tinham conhecimentos sobre combate físico, quanto mais mágico. Decidiram dividir o continente pelos quatro, e ensinaram aos jovens habitantes dos quatro cantos do mundo tudo o que deviam saber sobre o seu elemento favorito. Criando o continente Aquattus, a cavaleira Aqua ensinou os seus a respeitar a água e fazer bom uso dela, vivendo em harmonia com as criaturas marinhas. Phyroa foi criada por Phyros, o cavaleiro do fogo, que ensinou os seus a respeitar o calor dos dois mundos, a força da combustão e o poder das chamas. Terana foi criada pela cavaleira Tera que ensinou os seus a adorar a terra, as plantas e os animais. Finalmente, o estado de Eolin foi criado pelo cavaleiro Eol, que a todos os habitantes seus ensinou que a força dos ventos era imparável e devia ser temida e respeita, e que era do céu que receberíamos tudo o que havia de mais sagrado. Durante anos viveram em paz, mas todos queriam mais. Porque não podia Eol reinar sobre os céus de toda a Fantasia? Seus habitantes precisavam do solo, da água e do calor para sobreviverem, mas ele queria mais do que mais gostava: o ar. Também Aqua queria mais, incapaz de deixar tantos mares na posse dos outros estados. As terras do continente inteiro interessavam a Tera e o fogo e o calor do mundo interessavam a Phyros. Aprenderam da pior forma que não pode haver vida a partir de um único elemento, a harmonia é a chave. Iniciou-se uma guerra sangrenta, travada entre os quatro estados, e muitos milhares de Fantasianos foram mortos. Ondas gigantes engoliam províncias inteiras, a fúria de vulcões derrubava até as montanhas mais altas, o vento levava tudo o que se atravessasse no seu caminho e tremors abalavam a terra dia após dia, sem cessar. O caos intalou-se no mundo de sonhos, e uma intervenção era necessária. O seu poder era tremendo, grande como não foi visto em Fantasia durante muito tempo.
Sabe-se hoje que esses quatro, que alcançaram a classe de Milenário, começaram por ser pequenas crianças prodígio, criadas por uma aldeia de nómadas no centro de Fantasia, que estudaram na Academia dos Guardiões, agora dividida pelos quatro estados.
Mas, voltando à história, o mundo estava caótico, e era necessário tomar medidas. Iria o Oráculo agir contra os milenários?
Havia começado a agora chamada Dinastia dos Alquemistas. (Nota: Alquemistas era o nome dado aos cientistas da Europa, continente terrestre, medieval e moderna, que acreditavam que tudo o que existia era constituído pelos quatro elementos básicos: Fogo, Água, Terra e Ar.)
O dever chama, o meu irmão precisa de mim, escreverei mais um pouco mais tarde. Tempo não me falta, infelizmente.

Leena

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